A banda russa Pussy Riot começou uma turnê europeia para arrecadar fundos para a Ucrânia, após a invasão de seu país. Sob a ameça de ser presa Marija Wladimirowna Aljochina, uma de suas integrantes, conseguiu sair da Rússia clandestinamente, disfarçada de distribuidora de comida. Na quinta-feira, ela se uniu ao restante da banda em Berlim para o primeiro show em dois anos. « Slava Ukraini! » (Glória à Ucrânia), gritou Aljochina do palco. Os lucros da turnê « Riot Days » serão destinados à grupos de ajuda à Ucrânia.
Desde sua polêmia atuação na Catedral de Cristo Salvador de Moscou em 2012, na qual criticou o apoio da Igreja Ortodoxa a Putin, o coletivo feminista tem alertado repetidamente contra o « totalitarismo » do presidente russo.
Combinando projeções de vídeo, palavras e rap sob o som de um saxofone, acid jazz e ritmos eletrônicos, a banda se expressou contra o que chama de repressão interna e agressão externa de Putin. O grupo apresentou ainda imagens fortes que ilustram o sofrimento dos civis na Ucrânia.
Antes do show, Aljochina declarou à imprensa que pretende usar a fama do grupo para chamar a atenção do mundo contra os crimes de Putin. « A censura piorou na Rússia e agora publicar fotos de Bucha pode levar à prisão por 15 anos », disse. « É ilegal chamar a guerra de guerra, e queremos chamar a guerra de guerra porque é uma guerra e não uma operação especial ».
Aljochina foi condenada em setembro a um ano de restrições à liberdade por se manifestar a favor do opositor russo detido Alexei Navalny. Em abril, sua pena foi convertida em prisão.
Para ela, é crucial que as pessoas dos países ocidentais usem sua liberdade para pressionar seus governos a se posicionarem contra o « regime » russo.
Outra integrante da banda, Olga Borisova, acusou os países ocidentais de « hipocrisia » por não tomarem medidas mais firmes contra Moscou após a anexação da Crimeia em 2014 e por continuarem importando gás russo.
« Deixem de comprar petróleo e gás (russos) porque esse dinheiro é utilizado para nos agredir e nos prender em manifestações, para envenenar os opositores, além de reprimir e matar ucranianos inocentes », disse a jornalistas. (AFP)